O que é a Web 3.0 e como ela vai impactar as nossas Vidas!

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Os anos 90 trouxeram o fenômeno das “.com” onde a primeira geração da Internet se caracterizou pelo surgimento de centenas de buscadores que abriram as janelas do mundo para nossas pesquisas e localizações de documentos, notícias e um mundo de informações. A Web 1.0 portanto, oferecia especialmente acessos baseados em hiper textos e hiper links. Nos anos 2000 surgiram as redes sociais e os aplicativos  com suas possibilidades incríveis de interações na forma como conhecemos hoje. Contudo, a concentração de poder na mão das principais comunidades e plataformas, envolveu um grau muito delicado de uso de nossas informações pessoais obrigando Governos de diversas partes do mundo a ter que regulamentar os limites éticos e legais de atuação destas Redes e outros provedores de sistemas de informações. No Brasil, foi promulgada a Lei Geral de Proteção de Dados, conhecida por “LGPD” cuja fiscalização cabe a Autoridade Nacional de Proteção de Dados – ANPD. O órgão é o responsável por avaliar e penalizar empresas e instituições displicentes no cuidado com os dados pessoais da população. A coleta, utilização, armazenagem, distribuição e até mesmo a eliminação de dados, passaram a ter parâmetros regulatórios e a incidência de multas de até R$50 milhões ou 2% sobre o faturamento líquido da empresa/instituição, o que for menor.

As intromissões das Big Techs em temas relacionados a Política, fez acender uma luz amarela no que se refere aos riscos do tamanho poder que o formato da Web 2.0 concentrou nas mãos dos gigantes das Redes Sociais, Aplicativos e e Plataformas. O famoso escândalo da Cambridge Analytica muito bem abordado no documentário: “Privacidade Hackeada”,  influenciou por exemplo a saída do Reino Unido da União Europeia. Outro escândalo da Cambridge envolveu a Empresa Meta (Facebook), penalizada pela Suprema Corte dos EUA, por vazamento de dados de mais de 87 milhões de usuários durante a Campanha Eleitoral que culminou na eleição de Donald Trump sobre a candidata Hillary Clinton. As chamadas “Fake News”, os Bots Sociais e diversas formas de ataques, demonstraram os efeitos perversos do uso das redes sociais quanto a influência na tomada de decisão das pessoas. Mark Zuckerbeg precisou enfrentar o problema e amargou uma multa de US$5 bilhões pela comprovação dos vazamentos.

A Web 1.0 e a 2.0 geraram Impérios que assustam governantes de diversos países e por eles são definidos como uma nova forma de Poder. Para além da Democracia e da Autocracia, estamos diante do risco eminente da chamada Tecnocracia. Para se ter uma ideia da riqueza acumulada por algumas delas, observe estes infográficos da Futurista Martha Gabriel baseados nos levantamentos da Mackeeper, que utilizou a capitalização de mercado das empresas e os comparou com o Produto Interno Bruto (PIB) anual dos países. Claro, que são parâmetros diferentes mas serve para visualizarmos o poder de concentração das 4 Big Techs analisadas:

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Vem aí uma nova geração de Internet que promete corrigir os excessos de poderes nas mãos dos donos das Plataformas, Comunidades e Redes Sociais Centralizadas, ao mesmo tempo em que se propagam inúmeras tecnologias que vão se integrar numa gigantesca interoperabilidade descentralizada. Na Web 3 pretende-se pulverizar o controle nas mãos dos usuários, democratizando e universalizando tanto o acesso aos atuais recursos, quanto às inovações extraordinárias em fase de testes.

Vamos lá!

Imagine que se ao invés de sermos tratados como “produtos”, visto que assim somos considerados por gerarmos os tráfegos que permitem a monetização do atual modelo baseado em publicidade e propaganda, pudéssemos, ao contrário, sermos remunerados pela geração destes mesmos tráfegos de informações com os quais naturalmente já contribuímos?

A viabilidade de uma Internet mais democrática e descentralizada encontra nas Redes Blockchain, a base para seu funcionamento. Blockchain é a mesma infraestrutura existente por trás das criptomoedas como o “Bitcoin”, por exemplo. Ao invés de todos os dados de uma determinada pessoa ou empresa se concentrar em um único repositório (banco de dados), imagine a pulverização destes dados em microfragmentos de informações distribuídos em milhares de computadores diferentes (peer to peer). Imagine ainda que a utilização destes dados seja feita obrigatoriamente por consenso, de forma transparente e o histórico dos registros destas informações sejam inalteráveis. Sim, estamos falando de uma redução drástica da vulnerabilidade no que se refere aos ataques e roubos de dados, bem como a capacidade efetiva de controle das próprias informações ou seja, da privacidade. Os chamados “smart contracts” ou contratos inteligentes, asseguram acordos entre partes (pessoas, instituições ou empresas) que não se conhecem e/ou não confiam umas nas outras, uma vez que ao se integrarem através de uma rede Blockchain pública ou privada, terão a absoluta certeza da transparência e do cumprimento das regras de consenso e isso muda o mundo! Caem ou pelo menos reduzem-se significativamente os intermediários (bancos, seguradoras, agentes, despachantes etc). É ponto a ponto, rede direta entre as partes envolvidas numa cadeisa produtiva, numa cadeia processual, seja lá qual for o ativo (produtos, serviços, documentos, entre outros).

Tokenização, Defi (Decentralized Finance), Metaverso!

Justamente pela possibilidade de se operar em rede, interagindo, negociando, investindo com a segurança de que estão protegidos através de certificados que asseguram a propriedade e o direito sobre os ativos digitais adquiridos, os usuários da Web 2 geraram diversas modalidades de transações e por consequência uma avalanche de novas criptomoedas e empresas corretoras, as chamadas “Exchanges” (responsáveis pela comercialização das criptos). As plataformas de Games, especialmente, passaram a trabalhar com a fidelização baseada em recompensas, muitas delas monetizáveis, depositadas numa carteira digital para seus usuários. No setor imobiliário, a “Tokenização” tem sido amplamente estimulada revolucionando o conceito de lançamento de Projetos, inclusive de luxo. É o caso de um condomínio de alto padrão em Manhatan-USA, cuja venda se deu através de uma Plataforma baseada em Blockchain, com milhares de investidores espalhados pelo mundo, cada qual comprando uma pequena, média ou grande fração do empreendimento, o que assegurou uma venda total e a captação recorde dos investimentos através desta modalidade em poucas horas.

Há, igualmente, Plataformas que reúnem investidores interessados em aplicar em Startups. Ou seja, os fundadores fazem o Pitch de Vendas, de atração do investimento, não para um investidor profissional, um banco ou um fundo especializado, mas para uma audiência de centenas ou milhares de pequenos investidores pulverizados que podem assegurar o montante pretendido pela empresa iniciante.  Os micro-investidores mantem a garantia de seus investimentos através dos certificados inseridos em seus Tokens.

Os NFTs (Non Fungible Tokens)

Só existe uma Monalisa cujo certificado de propriedade pertence ao Museu do Louvre, correto? Os não fungíveis igualmente são únicos e exclusivamente digitais. São portanto, ativos de singularidade digital, garantidos por certificações gravadas em Tokens.

A Obra do Artista Gráfico Beeple, intitulada: “Five Thousend Days, Every Day”, composta por mais de 5000 pixels (cada um, uma obra), só existe no mundo digital, arrematada num leilão, pela bagatela de US$69 milhões, através de uma Plataforma com milhares de pessoas dando lances. Da mesma forma, Terrenos, Imóveis, Iate etc exclusivamente digitais, negociados nas principais Plataformas de “Metaversos” por valores correspondentes a US$milhões têm surpreendido os mais conservadores diariamente.

Organizações Autônomas Descentralizadas (do inglês, Decentralized Autonomous Organizations-DAOs)

Estamos diante de uma possibilidade revolucionária para incrementar apoios às  iniciativas de impacto social e ambiental em todo o planeta. Grandes Corporações comprometidas com a Agenda ESG – (do inglês: Enviromental, Social and Governance), assim como empresas nativas digitais  ou geradas pelas próprias oportunidades da economia digital descentralizada, como é o caso das Exchanges (Corretoras de Criptomoedas), têm destinado parte de seus ganhos financeiros para comunidades que se multiplicam aos milhares na Web3. O modelo de atuação destas Organizações Autônomas que se candidatam aos recursos é totalmente baseado em Blockchain, para além da característica de autogerenciamento que este tipo de tecnologia assegura, graças as características de transparência, inviolabilidade e rastreamento já explicadas. Os processos de candidaturas à captação de recursos, seguem um script bem definido, com os atores (investidores e proponentes dos projetos), bem integrados por regras de consenso. A democratização é absoluta pois a própria comunidade formada avalia as candidaturas, monitora a execução dos projetos e exige as aferições (prestações de contas) com base em métricas pré-estabelecidas (KPIs). Em geral são recursos financeiros de baixa monta mas já há também valores mais expressivos capitalizando iniciativas voltadas especialmente para o fomento do setor cultural, empoderamento de gêneros, inclusão social e inclusão digital. Projetos da Economia Criativa, Economia Colaborativa e do Compartilhamento, bem como da Economia Circular também têm sido priorizados pelos investidores e líderes destas Comunidades.

Um exemplo concreto deste modelo é a “Exchange” (Corretora de Criptos), “Near”, que já aportou mais de US$350 milhões dos seus ganhos em Projetos DAO Defi. Somente no Brasil centenas de Organizações receberam o aporte da “Near” somando aproximadamente US$8 milhões.

Um mundo novo está a nascer com o impulso das tecnologias 5G , IA e tantas outras relacionadas com as Redes Blockchain. A esperança é que o discurso da Descentralização que já encontra críticas e campanhas contrárias por parte dos controladores dos “Feudos Digitais” estabelecidos com a Web 1.0 e 2.0, seja efetivamente implementado.

Caso isso ocorra, estamos diante de uma esperança muito positiva capaz de proporcionar maior distribuição de renda e oportunidades, maior segurança e privacidade de dados, universalização de acesso às tecnologias, inclusão social, regeneração ambiental e outras possibilidades onde os usuários deixem de ser meros recursos e passem a atuar como protagonistas dos novos modelos de negócios e sobretudo exerçam a plena cidadania nesta aldeia global cada vez mais digital!

Namastê!

 

Gilberto Lima Junior

Humanista Digital,  graduado em Comércio Exterior, Pós-Graduado em Tecnologia da Informação, coordenou Políticas Públicas como a Estratégia Nacional em TICs pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Unidade de Internacionalização de Empresas da APEX Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil) no período de 2004 a 2011. Mentor de Empresas de Base Tecnológica é Membro-Conselheiro do Board de Empresas e Instituições no Brasil e no Exterior. Preside o Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social e o Conselho da Fundação Assis Chateaubriand. Assina como Futurista em duas Colunas: “O Futuro já Começou”, no site do Correio Braziliense e “Namastech”, na Plataforma de Conteúdos e Palestras de Inovação: Whow.

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