Influência do excesso de confiança e otimismo dos gestores nas organizações

influencia

A teoria de finanças comportamentais classifica os vieses do excesso de confiança e do otimismo de formas distintas. O excesso de confiança indica a propensão do gestor em subestimar os riscos futuros. No otimismo, superestima a probabilidade de ocorrência de eventos futuros favoráveis 1. Estes comportamentos se destacam, de forma fácil, em indivíduos com perfil empreendedor e proprietários de empresas familiares.

Empreendedores empolgados, ao planejarem seus negócios, tendem a minimizar as probabilidades de fracasso do empreendimento, para realizar seu sonho. Já os proprietários de empresas familiares, confiam excessivamente em sua capacidade de gestão, o que alimenta falsas expectativas sobre o negócio. 2

O excesso de confiança é citado como o viés comportamental mais comum e mais desastroso para a organização 3. Ao considerar que a continuidade em longo prazo é influenciada pelo comportamento, este cenário exige que os vieses cognitivos, que interferem nas preferências, comportamentos e decisões 4 sejam estudados. Além disso, buscar compreender o efeito potencial da governança corporativa para delimitar o efeito do excesso de confiança e otimismo.

Resumindo a história

No primeiro estudo 5, o objetivo foi analisar a influência do excesso de confiança e otimismo dos gestores no endividamento de empresas cinquentenárias e não cinquentenárias brasileiras listadas no novo mercado, níveis 1 e 2 da B3. As análises demonstraram que os gestores de empresas longevas apresentam menor excesso de confiança e otimismo.

Já no segundo estudo 6, o objetivo foi analisar a influência do excesso de confiança e otimismo sobre a estrutura de capital de firmas brasileiras que possuem conselho de administração diversificado (não dualidade do conselho de administração, membros externos e presença de mulheres). Os resultados demonstraram que as empresas não aderentes à diversidade no conselho de administração possuem maior excesso de confiança e otimismo gerencial no endividamento e são mais propensas à recompra de ações em tesouraria.

Contribuição para o campo prático

A contribuição da pesquisa versa, primeiramente, em demonstrar que as finanças comportamentais podem influenciar o desempenho das firmas, bem como avaliar se a longevidade empresarial pode influenciar os administradores a serem mais suscetíveis aos vieses da confiança excessiva e do otimismo. Os mecanismos de governança corporativa podem ter efeito de limitar o excesso de confiança e otimismo gerencial.

Limitações e oportunidades para novos estudos

Vale ressaltar que esses estudos necessitam de replicação, visto que o período de análise foi de 2009 a 2013 e de 2010 a 2014, respectivamente. Pesquisas futuras poderão analisar se jovens empreendedores de novas empresas são mais suscetíveis aos vieses comportamentais que gestores experientes de empresas longevas.

Propõe-se, também, analisar as características pessoais dos gestores, como a educação financeira, participação acionária, que explicam o excesso de confiança e otimismo das organizações.

Referências

1 – De Long, J. B., Shleifer, A., Summers, L. H., & Waldmann, R. J. (1990). Noise trader risk in financial markets.Journal of political Economy, 703-738.

2 – March, J. G., & Shapira, Z. (1987). Managerial perspectives on risk and risk taking.Management Sci-ence,33(11), 1404-1418.

3 – Weinstein, N. D. (1980). Unrealistic optimism about future life events.Journal of personality and so-cial psychology,39(5), 806.

4 – Barberis, N., & Thaler, R. (2003). A survey of behavioral finance.Handbook of the Economics of Fi-nance,1, 1053-1128.

5 – Silva, T. B. J., Mondini, V. E. D., da Silva, T. P., & Lay, L. A. (2017). Influência do excesso de confiança e otimismo no endividamento de organizações cinquentenárias e não cinquentenárias brasileiras. Revista Evidenciação Contábil & Finanças5(2), 40-56.

6 – Silva, T. B. D. J., Da Cunha, P. R., & Ferla, R. (2017). Excesso de Confiança e Otimismo Sobre a Estrutura de Capital de Firmas Brasileiras com Diversidade no Conselho de Administração. Revista Mineira de Contabilidade18(3), 27-39.

 

Thiago Bruno Silva

Doutor em Contabilidade (2020) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestre em Ciências Contábeis (2016) pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), Especialista em Controladoria (2013) e Bacharel em Ciências Contábeis (2012) pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Trabalha com as grandes áreas de Administração e Ciências Contábeis, com ênfase nas seguintes temáticas: Planejamento e Controle Organizacional, Gestão de Clubes de Futebol, Gestão de Cooperativas, Gestão no Agronegócio, Governança Corporativa e Administração e Gestão Pública. Atualmente é Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

 

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