Para competir e sobreviver em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e volátil, as empresas precisam permanentemente identificar as oportunidades e utilizar suas vantagens competitivas, seja no mercado local ou além das fronteiras geográficas. O mundo globalizado e digital requer comportamentos inovadores, capacidade de lidar com riscos e competências para gestão estratégicas em mercados externos. Esse conjunto de atributos é o que denominamos Empreendedorismo Internacional.
Apesar do tema estar presente nos debates acadêmicos desde a década de noventa, somente nos últimos anos o Empreendedorismo Internacional ganhou relevância nas pesquisas de gestão. O crescente número de estudos demonstra a conexão entre temas relacionados a internacionalização de empresas tradicionais, empresas nascidas globais, empreendedorismo, performance e inovação. Essas pesquisas nos ajudam a compreender aspectos relevantes que interferem no sucesso das empresas no mercado internacional.
Figura – Concorrência de palavras-chave de documentos publicados na área
Fonte: Baier-Fuentes, H., Merigo, J. M., Amorós, J. & Gaviria-Marin, M. (2019).
A globalização da economia, o crescente reconhecimento das empresas “born global”, bem como a busca de vantagens competitivas internacionais através de comportamentos empreendedores levam à reflexão sobre a importância da gestão estratégica e do perfil empreendedor para superar os desafios no atual contexto, tanto para novas empresas, como para as empresas maduras, de quaisquer segmento ou tamanho.
Estudos recentes demonstram que as estratégias de internacionalização mesmo nas empresas que já nascem globais não são estáticas. De acordo com esses estudos, as estratégias de marketing e diferenciação de qualidade e serviço estão associadas a alto desempenho internacional de empresas em estágio inicial de expansão internacional, enquanto a estratégia de liderança de custo e estratégias de diferenciação de qualidade e serviço parecem levar a um melhor desempenho após a entrada no mercado. Deste modo, as escolhas estratégicas dependem da fase de internacionalização em que a empresa se encontra (Crespo et al., 2020).
A gestão da aprendizagem durante esse processo é outro fator relevante. Para Pellegrino e McNaughton (2017), embora a aprendizagem experiencial seja importante, tanto as empresas que realizam a internacionalização incremental quanto aquelas que alcançam novos mercados de forma rápida utilizam diversos modos de aprendizagem nos diferentes estágios de sua internacionalização. Em todos os casos, constata-se a importância latente de compreender a internacionalização como um processo complexo e que pode demandar competências diferentes à medida que as empresas evoluem em suas estratégias, não havendo, portanto, uma estratégia única que seja adequada para todas as situações.
Deste modo, é evidente a importância de desenvolver novas competências organizacionais e habilidades para condução desse processo com sucesso. Aqui, vale lembrar dos quatro padrões comportamentais que diferenciam os empreendedores dos gestores tradicionais, segundo Dyer et al (2008): (1) propensão a fazer perguntas frequentes, particularmente aquelas que desafiam o status quo e que trazem questionamentos sobre o futuro; (2) observação do mundo ao redor, com atenção às experiências cotidianas para encontrar novas ideias; (3) experimentação, seja por meio de visita a novos lugares, provar coisas novas, buscar novas informações e aprender coisas novas; e (4) rede de ideias e de indivíduos que diversos tanto em formação quanto em perspectivas.
O Empreendedorismo Internacional mostra-se, assim, como uma abordagem ainda em expansão e que pode contribuir para a compreensão dos principais fatores que interferem na geração de valor pelas organizações e pelos indivíduos ao identificar e explorar oportunidades além das fronteiras.
Fiquemos de olho nessas pesquisas para adoção das melhores práticas de gestão em nossas empresas.
Referência: PASCHOAL, C. Empreendedorismo Internacional. Relatório apresentado à disciplina Tópicos de Gestão Estratégica, ISEG, 2022.
Especialista em Empreendedorismo Internacional, com experiência nas áreas de Estratégia, Marketing, Comunicação Institucional, Transformação Digital e Direito Internacional. Atuação de mais de 10 anos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos – Apex-Brasil, nas funções de Gestora de Gabinete da Diretoria de Negócios, da Gerência de Relações Institucionais e Governamentais, da Gerência de Novos Negócios e da Gerência Comercial. Doutoranda em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG/IESB, pós-graduação em Direito Tributário e Finanças Públicas pelo Instituto de Direito Público de Brasília – IDP e MBA em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo – USP/ESALQ.