As teorias de internacionalização passaram nos últimos anos por inúmeras revisões para refletir as mudanças do mercado internacional. Como o processo de internacionalização de uma empresa nem sempre é contínuo e a velocidade com que as empresas se internacionalizam pode ter impactos em seu desempenho, os pesquisadores seguem os estudos para melhor compreender as variáveis que exercem influência no âmbito dos negócios internacionais e, assim, ajudar as organizações a superarem os desafios gerenciais.
O modelo de internacionalização da Escola de Uppsala, desenvolvido por Johanson e Vahlne (1977), é um exemplo de uma teoria que permanece em evolução. Na ideia original, o Modelo considerava que a estratégia de acesso ao mercado internacional seguia um padrão faseado relacionado à distância sociocultural e geográfica, bem como ao conhecimento sobre o mercado externo e ao comprometimento de recursos. Esse modelo passou por escrutínio dos pesquisadores, com o crescimento do número de empresas consideradas outliers no contexto da visão tradicional do processo de internacionalização, como é o caso de novos empreendimentos internacionais ligados à tecnologia e inovação – denominados International New Venture e Born Globals (Knight & Cavusgil, 2004; McDougall et al., 2003).
As revisões nos anos posteriores do Modelo de Uppsala acabaram por contribuir com o avanço da teoria e também para outros campos de estudo de gestão. Em 2009, Johanson e Vahlne usaram os fenômenos dos novos empreendimentos internacionais e dos nascidos globais como exemplos para demonstrar que a base do modelo de Uppsala permanecia atual. O modelo passou a abranger a ideia de rede de relacionamentos e de nível de comprometimento e confiança. Assim, a internacionalização poderia ser rápida se a empresa fosse capaz de transformar a experiência em conhecimento e desenvolver relações comerciais caracterizadas pela confiança.
As revisões posteriores contribuíram ainda para o entendimento de alianças estratégicas e do papel do network no processo de internacionalização (Johanson & Vahlne, 2011), para avanços nas teorias relacionadas à gestão de riscos e de incertezas (Vahlne &Johanson, 2013, Vahlne &Johanson, 2017). Para lidar com a incerteza de um mercado externo, as empresas precisam aprender a criar e a fortalecer relacionamentos para explorar oportunidades descobertas ou desenvolvidas a partir desses relacionamentos (Schweizer e Vahlne 2022).
As relações entre as partes passam a ser consideradas cruciais para todas as atividades empresariais, especialmente para a troca de conhecimento. Percebe-se que existem diferentes tipos de conhecimento com diferentes características e diferentes formas de aprendizagem, por exemplo, conhecimento de mercado, conhecimento empresarial, conhecimento institucional e conhecimentos específicos de relacionamento. O conhecimento de rede diz respeito ao conhecimento da rede organizacional de um país-alvo específico, incluindo fornecedores, dinâmicas relacionadas ao consumidor, atratividade de setor específico e competitividade dentro do mercado (Magni et al., 2021).
O significado das redes nesse contexto engloba conexões que requerem ação sistemática para a construção de conhecimento estratégico. Criar uma rede de conhecimento é uma abordagem fundamental para o desenvolvimento de capacidades, não apenas para aumentar a capacidade de prontidão organizacional, mas também para apoiar decisões estratégicas relacionadas ao processo de internacionalização.
Especialista em Empreendedorismo Internacional, com experiência nas áreas de Estratégia, Marketing, Comunicação Institucional, Transformação Digital e Direito Internacional. Atuação de mais de 10 anos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos – Apex-Brasil, nas funções de Gestora de Gabinete da Diretoria de Negócios, da Gerência de Relações Institucionais e Governamentais, da Gerência de Novos Negócios e da Gerência Comercial. Doutoranda em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG/IESB, pós-graduação em Direito Tributário e Finanças Públicas pelo Instituto de Direito Público de Brasília – IDP e MBA em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo – USP/ESALQ.